Brasil
(07.12.1934) -> Ede / Gelderland (Holanda)
Carta lançada a bordo do paquete S.S. ORANIA da companhia Koninklijke Hollandsche Lloyd (Mala Real Holandesa), quando este se encontrava em atracadouro ou ancoradouro em águas territoriais brasileiras.
Na ausência de marcas postais (ou outras) de trânsito e/ou de chegada e atendendo ao excelente estado de conservação do objecto postal é provável que depois de obliterada tenha sido reencaminhada aux soins de l’expéditeur.
O porte de 700 réis era o valor adequado para o envio de uma carta de porte simples encaminhada via superfície para a Holanda.
A 7 de Dezembro de 1934, o paquete Orania encontrava-se em águas da costa leste brasileira, algures entre o Rio de Janeiro e o Recife, provavelmente em Salvador da Bahia. Eis alguns recortes de jornais da época com informações dos movimentos portuários do Rio de Janeiro e do Recife/Pernambuco.
O paquete Orania operava a partir do porto de Ijmuiden dirigido ao serviço de transporte de passageiros e carga, explorando nesta altura o fluxo migratório para a América do Sul, com escalas regulares nos portos de Southampton, Boulogne-sur-Mer, Corunha, Lisboa, Las Palmas, Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, Santos, Montevideo e Buenos Aires. Quando os serviços de passageiros e de carga o justificavam, tocava também os portos de Plymouth, Villagarcia, Vigo e Leixões.
Numa das suas viagens de regresso à Europa, procedente de Lisboa, o Orania apresentou-se ao largo do porto de Leixões por volta das 07:00h do dia 19 de Dezembro de 1934 para desembarque de passageiros e de alguma carga. Devido a condições de mar adversas, a sua entrada só foi possível depois das 12:00h com o auxílio de um rebocador, fundeando a meio porto devido à aglomeração de outros 12 vapores e demais embarcações de pequeno porte, sendo imediatamente içada no mastro do castelo de Leça a sinalização de porto encerrado.
Executadas as formalidades legais dos serviços de saúde e preparados os passageiros para o desembarque, e sem que nada o previsse, o paquete LOANDA da C.C.N. (Companhia Colonial de Navegação) demandou o porto, sem a presença física de um piloto da barra e sem observar o sinal de acesso interdito.
Com demasiado andamento e embalado pela forte ondulação, apesar de accionada a manobra de marcha à ré, o abalroamento foi inevitável. A forte colisão a meia-nau abriu uma brecha no casco do Orania, desde a coberta superior até abaixo da linha de água, deixando entrar água a rodos e em borbotões. Rápida e fatalmente, o Orania acabaria por soçobrar.
Extraordinariamente, os momentos que precederam e sucederam a este abalroamento foram registados fotograficamente por Kurt Baltschun, que se encontrava a bordo do navio alemão CEUTA. Uma sequência fotográfica viria a ser publicada no hebdomadário francês "L'Illustration".
Extraordinariamente, os momentos que precederam e sucederam a este abalroamento foram registados fotograficamente por Kurt Baltschun, que se encontrava a bordo do navio alemão CEUTA. Uma sequência fotográfica viria a ser publicada no hebdomadário francês "L'Illustration".
Da ocorrência deste insólito naufrágio resta e apraz-nos registar em primeiro lugar a ausência de perdas de vidas humanas e, por outro lado, o ensejo para a existência de peças que fazem as delícias de alguns filatelistas, não só aquelas do gozo da posse mas, e sobretudo, as que o espírito recreia e nos cultiva.
bibliografia:
L'Illustration, n° 4801 de 9 de Março de 1935
webgrafia:
http://opilotopraticododouroeleixoes.blogspot.ch
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