Em Portugal, o serviço fonopostal foi criado pelo Decreto n° 30560, de 2 de Julho de 1940. A correspondência fonopostal consistia no envio de discos com mensagens gravadas em fonógrafos. As gravações eram efectuadas numa pequena cabine insonorizada no edifício dos Restauradores, em Lisboa, ou na estação postal de São Bento, no Porto.
Em substituição das palavras escritas passou a ser possível enviar pelo correio correpondência verbal cheia de vida e forte carga emotiva, muitas das vezes para terras longínquas de portugal ultramarino ou de países estrangeiros: mensagens gravadas com saudações festivas, declarações amorosas, anunciando um nascimento, um enlace, uma morte…; pronunciadas com júbilo ou amargura, apressada ou pausadamente, em locução solta e eufórica pela boa nova, melancólica pela saudade, suave pela paixão, funesta e embargada pelo destino…
Era um tipo de correspondência diferente das até então existentes, dando origem a nova classe de correspondência, com tarifário próprio, tendo os correios criado invólucros expressamente para o efeito. Pelos discos e gravações, inicialmente, foram cobrados 8$00, depois 12$00 e, mais tarde, 25$00. Inacessível uma boa parte dos utentes da Província e de estratos sociais mais baixos, assim como a expansão de outros meios de comunicação contribuíram decididamente para a decadência e desuso deste serviço. A prová-lo, do último modelo destes invólucros, foram impressos 4.500 exemplares na Papelaria Fernandes, em 30 de Junho de 1961. Foi extinto pelo Boletim Oficial dos CTT, de Agosto de 1973.
Eis a transcrição das condições para a aceitação deste tipo de objectos postais, do já citado Decreto n° 30506:
«Art. 1° - Consideram-se correspondências fonopostais os discos com gravação de qualquer mensagem cuja reprodução sonora é obtida pelo destinatário por meio fonógrafo.
§ 1° - As correspondências fonopostais devem satisfazer às seguintes condições:
a) Ser protegidas por invólucros resistentes abertos, nos quais o remetente deve indicar, na frente, de maneira visível, além das indicações ordinárias a palavra fonopostal;
b) Dimensões máximas: soma do comprimento, da largura e da espessura, 60 centímetros, sem que a maior dimensão possa exceder 26 centímetros;
c) Peso máximo: 60 gramas.»
E a tabela de portes e taxas anexa a esse Decreto:
«a) Portes das correspondências fonopostais:
Serviço metropolitano (incluindo Açores e Madeira):
Por 20 gramas ou fracção ……$40
Serviço ultramarino: Pelo 1° escalão de 20 gramas …… $80
Por cada escalão a mais …… $50
Serviço internacional:
Pelo 1° escalão de 20 gramas …… 1$30
Por cada escalão a mais …… $90
b) Taxas de fornecimento e gravação dos discos:
Disco de 1ª qualidade …… 12$00
Discos de 2ª qualidade …… 8$00»
10.03.1953
correspondência fonopostal, circulada por via aérea,
remetida de Lisboa (Restauradores) para Paris.
decomposição do porte (4$20)
1$80 - porte simples (até 20g)
1$20 - 2° porte (cada 20g ou fracção)
1$20 - 2 fracções de sobretaxa do correio aéreo para AO (autres objects)
do serviço internacional/regime europeu/zona I ($60 por cada 20g ou fracção)
franquia:
CE 701(2x) - 2$00 - Caravela. Novos Valores e Cores
CE 765 - $20 - Selo de Autoridade do Rei D. Dinis
O disco de 78 rpm, com 165 mm de diâmetro, está gravado nas duas faixas:
lado A, com o tema The Third Man, de Anton Karas;
lado B, com mensagem gravada sobre um outro tema do mesmo compositor.
Bibliografia:
- COELHO, Alves. Crónica FN. Vol. VII, n° 58 de Julho de 1989.
- SOEIRO, João Manuel Lopes. (1997) Notas sobre o Correio Aéreo Português (período entre 1920 e 1955). Évora: Edições O Timbre