No período adesivo,
mormente durante as 1a e 2a Reformas Postais, período em que o uso de
sobrescritos não predominou e porque os correios o permitiram, muitos
foram os que aplicaram a franquia no verso dos objectos postais por não disporem de espaço suficiente na frente, para
substituir a obreia ou, sobretudo, como reforço de fecho da carta.
Cartas nestas condições, talvez com os propósitos de agilizar o controle da correspondência indicando que a franquia se encontrava no verso e/ou para informar que esta estava devidamente selada no caso de descolagem/perda da(s) estampilha(s) e consequente taxa de porteado, em algumas estações postais foi adoptada uma marcação adicional do carimbo obliterador de barras na frente dos objectos postais.
Sacavém (31.07.1860) -> Lisboa (01.08) -> Porto (03.08)
CE 13 - tipo V
Carta singela remetida de Sacavém para o Porto, franqueada no verso com selo de 25 réis,
valor correspondente ao porte interno simples para uma carta com peso até 3 oitavas.
É-me desconhecida a existência de alguma circular dos correios sobre o assunto, mas houve seguramente alguma determinação específica para o procedimento. No seguinte exemplo verificamos que o número de batidas correspondia ao número de selos/portes.
Estes expedientes são meras curiosidades da nossa história postal. No entanto, por vezes, estes detalhes ajudam-nos a desconfiar de certas peças. A seguinte peça, levada à praça num importantíssimo leilão da filatelia clássica de Portugal, é um bom exemplo.
Investphila
Public auction of March 20th, 2009
Lugano, Switzerland
Lot number 285
Description: 1856-58, 25 r. carmine rose, die V, a very large margined copy on 30 December 1860 single rate entire letter from Sacavem to Oporto, tied by ''39'' numeral, repeated alongside with corresponding circular ''Sacavem'' with manuscript date ''1/1/1861''. This being the earliest date of use of this cancellation. Oporto and Lisbon cds's on reverse. Very rare. Af 13V; Mi 11. Ex Sussex.
Starting price EUR 250.00
Price realised (incl. com.) EUR 300.00
Apesar de não dispormos de imagem do verso da peça, poderemos concluir com alguma segurança que o selo não foi colocado originalmente naquele local e, quiçá, nem pertencerá à peça.
Ah! A afirmação de que "é a mais antiga" é apenas um dos exageros que pululam nas descrições de peças em exposições e em catálogos de leilões - existem outros, sendo o mais comum a propensão para o pomposo "exemplar único".
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