05 março 2012

Perfins: Nunes dos Santos & Ca



55° leilão Paulo Dias
lote n° 404
Descrição: Selos Perfurados- 1898/1905, D. Carlos I (Mouchon - 2.ª emissão)- Sobrescrito circulado de Lisboa (27-2-08) para a Alemanha (2-3), remetido da Casa "Nunes dos Santos & C.ª" com selo do 50 rs ultramar, CE 142, Perfuração dos "G. A./do/Chiado". Interessante o facto de um selo com Perfuração dos Armazéns do Chiado tenha sido utilizado por outra firma, deixando a ideia de desvio de valores.



No caso em apreço, não houve lugar a desvio de valores, nem sequer utilização postal indevida do selo perfurado. Tenho várias peças circuladas entre 1909 e 1930 remetidas pela Nunes dos Santos & Ca, franqueada com selos postais com perfurações dos Grandes Armazéns do Chiado.
Com efeito, a firma Nunes dos Santos & Ca foi responsável pelo ressurgimento e confunde-se com os Grandes Armazéns do Chiado. Em Abril de 1888, os irmãos Joaquim Nunes dos Santos (1860-1912) e Abílio Nunes dos Santos (1867-1946), fundam a firma Nunes dos Santos & Ca, com sede a Travessa de São Nicolau nº12, a explorar negócio de importação de rendas e bordados. Em 1890, deslocaram-se para novas instalações, no 1.º andar do n.º 113 da Rua dos Correeiros, ocupando também, mais tarde, o 2° andar com o mesmo número de polícia. Em 1899, fruto do sucesso do negócio, instalam-se numa parte do andar nobre do Palácio de Barcelinhos, tendo o privilégio de poderem contar com a presença da Rainha Dona Amélia no acto da inauguração. Pouco tempo depois, para dar apoio ao negócio que não parava de crescer, para o fabrico de artigos de retroseiro, criaram a Sociedade de Tecelagem de Sedas, Lda, na Rua da Bombarda.
Em 1904, constitui-se nova sociedade que passa a designar-se Santos, Cruz & Oliveira, Lda, pela entrada de dois outros sócios: José Nunes de Oliveira Santos (sobrinho e futuro genro do sócio Abílio) e António Jacinto Cotrim da Cruz. Reforçado o capital da Sociedade, são-lhe anexadas novas parcelas no Palácio e adoptam a antiga denominação de Grandes Armazéns do Chiado. Não obstante a feroz concorrência do vizinho dos Armazéns Grandella, o negócio prospera e será rapidamente expandido com a aberta de filiais no Porto e em Coimbra. Em 1927, já eram proprietários da totalidade do Palácio de Barcelinhos.


Uma imagem da fachada dos Grandes Armazéns do Chiado...


 e alguns postais ilustrados...


Porém, numa primeira fase, a firma Nunes dos 
Santos & Ca utilizou uma outra perfuração:


Lisboa (12.03.1907) -> Guimarães (13.03)

furos: 54 / altura: 6 mm / largura: 21 mm


A primeira perfuração dos Grandes Armazéns do Chiado foi 
autorizada pela circular n° 2.244, de 16 de Novembro de 1905...


Redacção do Art. 391° do Regulamento para os
Serviços dos Correios, de 14 de Junho de 1902:


Que seja do nosso conhecimento, não estavam previstas "sanções" postais ou outras, nem os correios exerciam um controle apertado aos selos perfurados e muito menos qualquer preocupação com eventuais desvios de valores entre privados. A suspeita de uso indevido e respectivo alerta à pessoa singular ou colectiva, só se verificou mais tarde, quando passou a ser cobrada uma taxa de utilização ao requerente.



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