20 janeiro 2009

Reimpressões: Dona Maria II (100 réis)


   
ORIGINAL

O selo da taxa de 100 réis da emissão de Dona Maria II foi emitido a 2 de Julho de 1853. Foi impresso na Casa da Moeda (CM), cunhado em relevo, em folhas de 24 selos (4x6), com desenho e gravura de Francisco Borja Freire, cujas iniciais F.B.F. foram marcadas em relevo na parte inferior da efígie. Selo não denteado, impresso em papel liso fino, médio ou espesso, com goma amarelada e baça. Na totalidade das tiragens foram impressas 147.600 cópias, com validade de circulação até completo esgotamento, acabando, finalmente, por ser incinerado pela CM um remanescente de 6.000 exemplares.
Por várias vezes se reimprimiram oficialmente os selos desta emissão: em 1863, 1885, 1905 e 1953. Não oficialmente (pelo menos não se conhece a finalidade e/ou documentação oficial...) existem as impressões de 1928, também conhecidas por "Reimpressões Particulares de 1928". Vários estudiosos presumem que estes selos tenham sido impressos na CM, com os cunhos utilizados nas reimpressões de 1905, para o que, certamente, terá sido concedida a devida autorização, a não ser que tenham sido impressos clandestinamente…
Eis as características gerais de cada uma destas reimpressões, distintivas em relação aos originais desta emissão:


1863 – O papel é mais claro, fino e de textura menos compacta. A goma é fina e menos amarelada.




1885 – O papel é o elemento mais típico destas reimpressões, é muito branco, leitoso, acetinado, espesso e de textura compacta e uniforme. Geralmente sem goma, sendo alguns exemplares gomados posteriormente, acumulando-se, então, cola nos cavados. Por terem as mesmas características, são incluídos nestas reimpressões – conhecidas, também, por "Reimpressões do Congresso Postal" – um conjunto de selos aparecidos no mercado entre 1890 e 1893. Foram impressos clandestinamente na CM, e uma boa parte deles, sobrecarregados com traços, PROVA, SPECIMEN, etc.



1905 – O papel é baço, levemente amarelado, de espessura média e textura irregular. As cores têm pouco brilho, em geral com tonalidade mortiça. A goma é fina e levemente amarelada.


 

1953 – O papel é branco, espesso, de textura uniforme. Selos não gomados e com margens generosas. No verso foram impressas, a cinzento, em duas linhas, as datas 1853 e 1953 sobrepostas. Os selos com estas datas impressas numa única linha, separadas por um hífen (1853-1953), foram retiradas do livro "100 Anos do Selo do Correio Português", editado pela Administração dos CTT. Estes últimos distinguem-se dos primeiros, não só pelo pormenor das datas, como também pela qualidade do papel, que é "couché" brilhante, e pelas suas menores dimensões.

 

1928 – O papel é muito fino e de textura quase pontinhada. A goma é branca e brilhante e as margens são grandes. As várias tonalidades de cor são também características peculiares destas reimpressões. No mercado é frequente encontrarem-se estas reimpressões descritas como originais ou "obliteradas" com carimbos falsos – a sua raridade e elevada cotação não são alheias a estas fraudes… São facilmente detectáveis por todos aqueles com alguma experiência, e quando há a oportunidade de uma análise directa. Em aquisições que resultem apenas da observação de imagens (normalíssimo hoje em dia), o grau de dificuldade aumenta e as surpresas acontecem...


Reimpressões de 1905 e 1863

Apesar da pouca afinidade com a matéria, de não as coleccionar e de nunca ter tido a oportunidade de consultar a obra de referência sobre o assunto "LAMAS, José da Cunha. Estudo das Reimpressões de Selos Portugueses. Lisboa: A. Molder. 1948.", socorrendo-me apenas na análise de imagens de catálogos de leilões já realizados ou das colecções de colegas filatelistas, elaborei um pequeno quadro com alguns dos pormenores distintivos (novidade?) que nos poderá ajudar na identificação destas reimpressões:

 

NB:
1. 1863 - O empastamento no quadro do lado esquerdo é o detalhe que as identifica, muito embora haja quem defenda que estes empastamentos estejam também presentes em alguns exemplares originais. É um assunto muito delicado e que requer minúcia e a observância de todas as características;
2. 1905 - Estes exemplares apresentam simultaneamente as três fendas. A fenda "C" na sua extensão atinge também a parte superior do "I" de REIS.




Bibliografia:
- VIEIRA, Armando Mário O., Selos Clássicos de Relevo de Portugal, N.F.A.C.P., Porto, 1983
- MARQUES, A. H. de Oliveira. História do Selo Postal Português. 1853-1953. Vol. I. Os Selos da Monarquia. Lisboa: Planeta Editora. 1995.

- LAMAS, José da Cunha. Estudo das Reimpressões de Selos Portugueses. Lisboa: A.Molder. 1948.
- BASTOS, João A. Fernandes. Um Estudo dos Selos D. Maria II. 1853 - 01Jul-21Jul. Boletim do Clube Filatélico de Portugal, N° 398, Dezembro de 2002.




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